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não há erros gramaticais ou morais, há maneiras de pensar. eu escrevo a dançar pateticamente uma musica sem som!

domingo, outubro 29, 2006

sonho nº1

e lembro-me tão vivamente as paredes amarelas naquele corredor, algo largo, dividido por salas de aulas onde as cadeiras viradas todas para o mesmo lado desenhavam linhas quase perfeitas. tudo estava ordenado, pareciam equações matemáticas, até os rectângulos de madeira no chão pareciam fazer parte desta conspiração dos números. era um sonho, então eu vagueava por todo o lado no corredor, a dançar sobre a sua largura, feliz como um tolo, uma criança perdida no seu próprio mundo sem reparar no suposto ridículo dos seus movimentos que faziam da dança uma paródia.
de repente vi-te no canto do olho, eras tu que tinha deixado de ver há algum tempo, olhavas para mim com um ar pesado, triste, melancólico. quis perguntar porquê, quis saber a razão de tanta aflição, mas senti quase aquele incomodo de quem não tinha forças para ser incomodada. entraste na sala de aula, que nem sei como apareceu naquele sonho, e sentaste-te junto à janela que parecia concentrar toda a luz nos seus limites quadrados, deixando o resto da sala sombria e fria.
eu já tinha deixado de dançar, tava quase paralisado, estava de corpo recto, com os olhos abertos a tentar perceber o porquê! olhaste para mim de lado, os teus olhos pareciam querer esconder um infinito de tristeza, mas ao notares o meu ar de pena e perplexidade, desataste a chorar sempre com os olhos virados de lado em minha direcção... a tristeza afogava o meu coração, só queria saber porquê?