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não há erros gramaticais ou morais, há maneiras de pensar. eu escrevo a dançar pateticamente uma musica sem som!

quarta-feira, março 02, 2005

o verde falso

no outro dia enquanto pisava memórias felizes da minha infância lembrei-me das visitas regulares (todos os anos) que a minha família fazia e faz ao porto santo.
era um sítio pacífico, onde a paisagem é um contraste em relação à madeira (foi onde vivi ate aos 18 anos), enquanto na madeira a paisagem é muito verde e o tempo húmido no porto santo a paisagem é amarelada e o tempo seco. em breve esse amarelo tornar-se-á verde com os gigantes campos de golfe que irão ser construídos para os ricos e turistas se divertirem. Não tenho nada contra o verde, tenho sim contra a descaracterização dos sítios e contra o golfe em si, é um desporto que exige demasiado das paisagens transformando-as ocupando espaços enormes além das enormes quantidades de agua necessárias para que a relva fique em estado perfeito…
no porto santo virão barcos da madeira carregados de agua para abastecer os campos de verde falso, como se a agua fosse muita na madeira para dar-se ao luxo de tal coisa (quantos há sem agua e saneamento básico?). Muitos, dizem felizes e contentes da vida que os campos vão ocupar quase toda a ilha, ficando só a praia… há quem diga que o porto santo é só praia e boas discotecas à noite… agora, para quem tem muito papel e metal também haverá golfe!
imagino agora as minhas viagens de barco até ao porto santo… ao longe em vez do amarelo com as pequenas pintas de verde que espreitam nos picos verei o verde da mentira, o verde falso, o verde da riqueza, do luxo.
como era bom antigamente passear na ilha de bicicleta, nem era necessário semáforos porque quase não havia transito, agora no barco que vai da madeira ao porto santo tem espaço para automóveis, todos podem levar o seu carrinho para que não falta nenhuma das comodidades do mundo moderno… a ilha enche-se de grandes hotéis já quase mais altos que os todos os picos, de paraíso de todos para paraíso dos ricos assim se transformam os sítios… nem o tão longe porto santo escapa a esta forma de vida parasitaria, de vírus que espalha a falsidade, o betão, os automóveis, os campos de golfe…
enquanto visitava a minha infância pensei para mim será que um dia vou poder levar os meus filhos a algum sítio livre destas invasões parasitárias? será a terra infinita? o que podemos nós jovens idealistas fazer para que este pesadelo termine?
uma coisa eu sei, ou é fim de tod@s ou é o fim dos ricos, eu luto pela segunda hipótese…