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não há erros gramaticais ou morais, há maneiras de pensar. eu escrevo a dançar pateticamente uma musica sem som!

segunda-feira, outubro 09, 2006

o s p a s s o s n u m a i g r e j a


no outro dia, enquanto vagueava lentamente, pelas ruas da cidade, sozinho, sem sítio para chegar, entrei num igreja, o silêncio rico ecoava de forma quase ensurdecedora entre todos os ornamentos de paredes, arcos e estátuas. o barroco sempre me perturbou a calma pela sua falta de simplicidade e mesquinhez; no entanto, sentei-me e por momentos, deixei-me invadir pela realidade; ali milhões de pessoas deixaram os seus desejos, aflições, dores, sofrimentos e muito que lhes pesava na vida. conseguem imaginar tantas vidas ali a pedir o perdão ou a pedir um vida melhor? o amor que os deixou ou o fim de um sofrimento que os afoga?
por vezes, o passado, é como uma faca de lamina afiada, que dia após dia, entra lentamente no coração! o arrependimento de um amor que deixamos porque quisemos viver o conforto e a segurança, o arrependimento de não ter vivido, de não ter escapado as amarras da vida imposta, o arrependimento de seguir uma vida superficial sem luta, sem paixão! a juventude morta, o amor deixado para trás!
ali, naquele sítio de tecto alto e em arco, tod@s têm algo a deixar e todas aquelas memórias parecem infiltra-se no ar e no cheiro da madeira velha, e é quase sufocante se quisermos realmente e genuinamente respirar. ai se eu pudesse fazer entender a todos aqueles espíritos, e ao meu, que a vida vive-se no presente, que tudo é exequível e nada é tarde demais...
é incrível o número de espaços para a moeda, como se... se deus realmente existisse ele iria conceder o perdão por um moeda!
na verdade, o novo deus de hoje está disfarçado de números numa conta bancária, as novas igrejas serão os grandes templos modernos, os hipermercados, os centro comercias, e todas as outras grandes superfícies comerciais. lá, reza-se à beira das montras para esquecer a vida. lentamente o poder de alienação passou das igrejas para o estado, e do estado para a ditadura do capital! a publicidade são como padres atraentes a vender uma moral e a televisão os soníferos que adormecem o corpo e a energia da vida!
mas, muitos tão fartos deste sistema de merda; a esperança está na luta sem armas, na criatividade da rebeldia, no abominar da racionalidade imposta, no questionar os modos civilizados, nas atitudes desviadas, nas loucuras sãs, nas palavras francas e sem medo da rejeição!
nesta luta podemos por vezes perder a segurança ou o conforto, mas ganhamos um futuro para sonhar e um mundo para sorrir!