futuro deserto verde, viscoso...
tenho fé que consigo saber o futuro porque parece que estamos todos presos nesta mesma rotina sem saber porquê! fumo sobe as colinas, as chamas passam de arvore em arvore sem que a chuva acorde, os motores, roldanas e engrenagens de grandes fábricas industrias imitam o nosso movimento sempre igual, todos os dias sempre igual, a repetição como um tic tac de um relógio que pouco a pouco o volume do seu som cresce dentro das nossas cabeças... TIC TAC, TIC TAC, TIC TAC, TIC TAC...
sinto que em breve nenhum de nós conseguirá ouvir os gritos de alguém em dor, em desespero... os sons cada vez mais descontrolados controlam já todos os nossos movimentos, nem a nossa solidão está descansada o TIC TAC impede qualquer um de pensar, amanha o seu som já será tão alto e distorcido quem nem parecerá TIC TAC, começará a se ouvir TIC TAC, TIC TACA, TICATA, ITACA, ATACA, ATACA, ATACA... e já consigo sentir os ossos a estalarem, o sangue a saltar, os saltos com os dentes em direcção aos pescoços, como se de vampiros de histórias fantásticas se tratasse...
o céu que era azul está agora cinzento, o verde da primavera transformou-se num liquido viscoso e ácido que mata tudo o que lhe aparece à frente, o amarelo das folhas de outono é a cor da areia do deserto que cobre todo o planeta... O mar nem se vê e há ainda quem sonhe que esteja a grandes profundidades que se cavarmos o buraco mais fundo pela areia do deserto, encontraremos uma outra terra igual à antiga, que se escondeu com o medo das máquinas e fumo de veículos motorizados barulhentos...
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