amor por um cadáver
eu ouço a voz que me diz para seguir, e que já nada posso fazer nesta luta endiabrada que travei. eu só queria-te sentir a sorrir, queria tanto que nunca deixasses de ouvir!
está tudo à tua frente, mesmo na frente desses teus olhos esquecidos numa multidão! e o caminho que escolheste será premiado com a grande coroa da obediência.
chamei-te uma ultima vez, mas estás morta, e agora só me resta o amor por esse teu cadáver... que mesmo assim estende-se com toda a sua formosura. ali deitado sem vida, mas ainda assim com muito mais classe que esse teu achado de vulgaridade.
morta, morta, morta, por vezes o mais belo sucumbe no meio de tanto ódio e normalidade doente. resta-me agora eu, sozinho nesta luta por não deixar de ser, nesta luta por algum sentido, nesta luta por não adormecer no quartel do inimigo.
talvez, depois de tanta dor, já nem seja eu a escrever, seja a minha rebeldia nascida deste sofrimento injusto. pouco importa, lutamos pelo mesmo!
agora quase te consigo ver, com todos esses sacos de plástico enchidos de ar no cérebro e tu ai escondida no conforto da morte e da ausência. ninguém te julga porque ninguém te vê, agora, segues a felicidade infeliz de não ser e assim rodopias na pista de dança com o teu eu preso à sombra no meio de todos rodopios e saltos em direcção à morte...
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