o caminho
gostava de descansar pendurado a uma oliveira, sentir o vento a derrapar sobre as suas folhas e ouvir todos os seus contos.
sinto as gotas da chuva a percorrer lentamente o meu couro cabeludo, estou imóvel, os meus lábios fechados, os meus olhos semi-cerrados, o cheiro a gasolina queimada assombra o ar cansado e condensado. de nada servem as boas intenções da chuva, o surdo ganhou novamente.
olho o céu com medo de vertigens, sinto os enormes prédios, sejam descascados sejam limpos a convergirem sobre o ponto do meu olhar... toda esta estupidez impede-me por momentos de sonhar.
gostava tanto de conhecer alguém que valha a pena amar, gostava tanto de conhecer alguém que soubesse falar, gostava tanto de conhecer alguém que me deixasse ouvir. somente para que não tenha de percorrer este caminho tão simples sozinho, somente para não pensar que todo o ser humano é feito de plástico e perfume.
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