a mar
avistei o mar coberto de pequenas ondas que outrora dançaram freneticamente. ouço o seu barulho ensurdecedor e silencioso como um ligeiro sopro no ouvido que faz estremecer todas as células deste corpo ainda cheio de vida. por favor leva-me e para bem longe, tão longe até ninguém nos ver.
pergunto-me como fui capaz de amar meras abstracções, como entrei nesta loucura de sentimentos idealizados, de corpos perfumados, de paixões superficiais capazes de esgotar toda a energia do coração.
e tu que amei todas as curvas e reflexos de ondas, como foste capaz de colocar essa máscara de plástico, a tua voz esgota-se na sua tinta gasta e ousada. outrora eras um mar infinito que dançava ao som das nuvens e ao reflexo do vento e como eu amava essa tua profundeza, essa tua imensidão, essa tua segurança... hoje, não passas de uma pedra fria cinzenta esquecida pela agua, abrigado do vento da vida e da chuva da paixão.
oh minha companheira! meu mar escondido, leva-me de novo ao fim do mundo, quero sentir a leveza do horizonte, a aventura do desconhecido e nadar com todos os peixes que festejam la no fundo das tuas águas!
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