sem titulo
em bicos de pés, com uma luz enegrecida pelo fim da tarde, caminhei pela cidade vazia quase fantasma, mas cheia de romantismo e de histórias para contar! uma arvore era quase levada pelo vento e as suas folhas criavam remoinhos dançantes... abraçado a um poste de electricidade encontrei um cartaz, dizia vida de trás para a frente. segui caminho, não podia perder mais um momento desta viagem. ao caminhar pareceu-me ouvir um som de um piano baixinho que misturava o agudo com o grave, era um som demasiado alegre para o poder descrever, sei que o meu coração quase parou, os semáforos das ruas deixaram de funcionar e as luzes das casas desligaram-se. só se ouvia o barulho da brisa desse fim de tarde... a luz escurecia ainda mais e já nem se conseguia ler as palavras revolucionárias pinchadas nos prédios... mas o piano? esse continuava a tocar, a tocar! senti uma enorme vontade de tudo abarcar, de tudo abraçar, senti o cheiro da lua, senti o coração do céu e a pureza da natureza. eu soube naquele momento, tudo seria diferente, eu sabia que agora nenhum sonho era para esquecer. foi como um luz, não sei explicar, sei que parecia ouvir a voz das arvores, das nuvens cheias de histórias e as paredes cheias de memórias!! quando voltei a casa o meu corpo parecia ter perdido kilos de peso e as minhas mãos já não se fechavam com uma força de raiva... estava leve e transparente, quase que como livre de todos os pecados!
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