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não há erros gramaticais ou morais, há maneiras de pensar. eu escrevo a dançar pateticamente uma musica sem som!

domingo, dezembro 18, 2005

Loucura - Partes I e II

loucura parte I

como ratazanas no escuro viajando à máxima velocidade num túnel húmido de paredes ásperas. os olhos nem fecham, o caminho é em frente, em direcção à luz que se mantém sempre no fundo, bem longe... como uma estrela no céu.
os guinchos ecoam nas paredes nojentas e arrepiantes. os minutos transformam-se em horas, as horas em dias, a correria não pára, o fim, esse aparenta-se sempre inalcançável.
não há lugar para o descanso da mente, não há lugar para escapar à corrida da fuga da loucura. todos em conjunto na luta pela sanidade!
não quero ser louco, não quero ficar nas ruas pedindo esmola...
não quero ficar sem roupas, sem comer, sem agua para beber!
os meus músculos estão já para lá do cansado, mas a correria não sequer pode parar por um breve instante...

loucura parte II
vida, vida, vida, presa à não vida para ter vida... a antítese do amor torna-se a obediência desmedida descontrolada, sem espaço para o leve respirar!!
ajuda-me... estou mais que morto se continuar neste oceano sem terra à vista... a agua é a loucura, por mais que tente não me afogar, não há onde me agarrar... é só uma questão de tempo até os braços deixarem de responder aos impulsos do cérebro... já nem sinto as pernas, os movimentos já são automáticos enquanto me ocupo a pensar na não loucura... que medo desta liberdade de pensar, que medo de viver dentro de agua, de tornar-se um peixe livre, fora de todos os aquários do mundo!!!


sexta-feira, dezembro 16, 2005

bailarino

amanhecer sem sono
vejo o mundo por entre vidreiros
respiro o ar que respirei
sonho mudo, sonho o silêncio
vivo o medo do caos

e as viagens soltam-se como candeeiros do tempo
dentro de um outro tempo ausentado

agora enchem-se as fil(h)as do cemitério
não há nada para viver
saiem todos da derrota com grandes medalhas
com as quais enterram o seu próprio corpo e mente

por entre copos e brindes
venha mais um de absinto
quero esquecer a minha luta sem dor
e como bailarino dançarei noite fora
uma dança de palavras que magoam quem sente
quem ainda sente bem dentro a dispneia

e enquanto os risos me preenchem o vazio
e enquanto sou o centro de todas as atenções
enterro todo o meu corpo já disfarçado
mas o vazio, esse, ainda dança à volta de todos os copos

embriagado chego a casa sem nada
terei de dormir e esquecer a solidão
é tempo da noite sem sonho