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não há erros gramaticais ou morais, há maneiras de pensar. eu escrevo a dançar pateticamente uma musica sem som!

quarta-feira, novembro 24, 2004

baile de mascaras

entrar no sítio do costume
novas caras, ideias maneiras de ser
mas sempre o mesmo cheiro a mofo
de gentes escravas do vazio desumano
estudando a arte de enganar e se apoderar
estudando como copiar e desaparecer
estudando a não pensar e criar
ficando assim dormentes ao sentimento

este lugar mente dentro de mentiras
já poucos conhecem alguma realidade
já poucos possuem alguma identidade

neste lugar o não poder é já poder
é como se alguém te decreve o óbvio
mas o obvio já foi mentido e controlado
no óbvio já ninguém acredita nem sabe o que acreditar

aqueles que pensam estão destinados a uma luta
uma luta sem fim nem príncipio e tão pouco vontade
uma luta desigual contra-poder de um poder mascarado

neste baile de mascaras o homem só pode morrer
neste baile de mascaras o homem nem pode ser
neste baile de mascaras ninguém encontra saída
este baile de mascaras está viciado
este baile de mascaras já foi controlado
neste baile de mascaras azedas o porco já triunfou

29/11/2002

vazio adormecido

sempre que saio à rua nesta cidade cheiro a morte
buzinas soltam-se no meio da neblina e do escape dos automoveis
os predios tocam-se de tal forma que esforço-me se tento ver o ceu
por vezes sonho com o verdadeiro verde e musica de passaros alegres

eu sei que nao estou sozinho e que a vida é uma revolucao
eu sei que amanha nos podem vir e matar a todos
mas também sei que mais ou mais tarde podemos festejar o fim do capital
fim dos parlamentos, fim da tecnocracia,
da policia e cidades de betao

sempre que entro na minha escola cheiro o vazio
salas escuras e frias, paredes minimalistas, pessoas feitas maquinas
estudantes de negro escondem a morte com sadismo
obediencia à tradicao fascista e repressora de tempos de ditadura
por vezes sonho com cores e gente viva, alegre e verdadeira

eu sei que um dia mais cedo ou mais tarde a escola irá mudar
que a obediencia será um valor a combater, aprenderemos finalmente a pensar
a repressao passará a entreajuda, compaixao e comprensao
será a morte do traje e tradição violenta

somos todos nós que fazemos este mundo rolar
somos todos nós que teremos de acabar com este massacre
a mae terra pode sucumbir com tanto fumo e guerra
os nossos filhos merecem outra vida, outra escola, outro amor!