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não há erros gramaticais ou morais, há maneiras de pensar. eu escrevo a dançar pateticamente uma musica sem som!

sábado, setembro 30, 2006

Massa Crítica 29 de Setembro 2006



A chuva não impediu as 2 dezenas de participantes!! http://massacriticapt.net

quinta-feira, setembro 28, 2006

visita a janela

na rua cantavam os pobres
bradavam o fim do luxo
da pseudo-dialéctica do mundo
do escrutínio do discurso;

enchiam de ar os pulmões!!
é uma escada para a liberdade
um caminho em direcção aos céus
talvez sem fim, mas com amor!
e
é uma canção que todos cantamos
uma voz que todos temos

e
tudo isto faz-me pensar...
é apenas sussurro, só um sussurro
para ti um murmúrio na borda dos passeios...

sim! eu recebi!

abri a minha caixa de correio, um metal escuro, castanho com um sticker amarelo a recusar publicidade que ainda doa alguma vida aquele conjunto de caixas. lá dentro um invólucro verde sem nome, sem um único escrito; eu sabia bem o que era, há segundos atrás enquanto descia pensei: deve estar lá o livro. e lá espreitava ele dentro de um verde frio e tão pouco amado.
e que historias carregava aquele livro!!! amores que fugiram com medo de viver, de vidas que se descruzaram devidos às diferenças, de insultos de quem ainda amava e isso recusava! sonhos completamente desfeitos que premiaram a minha vida vagabunda. agora salto de pessoa em pessoa sem querer uma ligação, um contacto profundo; é chegar tocar e fugir porque o amor por todas as velhas historias e toques puros e sinceros ainda habitam bem dentro deste peito cheio de esperança! porque mesmo tão longe de quem ama ele ainda sente a sua enorme energia! e não são precisas palavras para o meu coração perceber que ainda é amado lá naquele fundo tão rejeitado mas ainda bem ciente - lá dentro somos bem iguais não somos?
a traição do eu dizia-me o livro; é tudo uma questão de medo? será irreversível? mas; o invólucro era verde, apesar de frio, transmite a esperança queiremos ou não - isso sim será agora irreversível! e quem sabe o que o futuro reserva à menina que outrora os olhos VERDES brilhavam? a vida é um ciclo, a terra é redonda, e, será possível alterar a entropia do universo?

terça-feira, setembro 26, 2006

oãçaroc

coração,
é apologia dos sonhadores
sonho é martírio do contemporâneo sol

sol chora tristeza de viver
vida segrega andar letárgico
letargia agarra presente mutável
mudanças ocultam-se das memórias
recordações lembram enormíssima dor
sofrimento reduz ausência de frio
gelo é feira do presente
agora riem-se aqueles que matam
morrem gentes que se amam

amor,
é apenas eufemismo do coração ...

segunda-feira, setembro 25, 2006

n e v e

não largo esta corda mesmo com a pele das mãos já lascadas. o coração torna-se azul da saudade e tudo torna-se cinzento neste mundo! nós caminhamos tão longe e tanta vida nos passa ao lado, podiamos sorrir, porque não vens sorrir? porquê todas as promessas que fizeste? o que aconteceu ao arco-íris dos corpos, da amizade, da ternura? não deixo esta corda, não largo esta corda por mais fracos estejam os meus braços; porque não desisto de ti minha utopia?
olho sempre o céu à tua procura, e desenho-te nas nuvens, à noite vejo as estrelas a formar o segredo da tua ausência e carrego-te com lágrimas secas e avezadas.
este sítio é tão estranho para nevar e o gelo da tua solidão, que me visita nestes fios que ligam o mundo, congela esta alma solitária que até sonegou o não e concedeu o perdão!

domingo, setembro 24, 2006

mumia abu-jamal

e as paredes da prisão servem de eco à tua resistência. de pés algemados, a tua liberdade liberta e autenticidade de discurso perturbava o café matinal dos conservadores e adoradores do status quo. da tua boca a lhaneza despe os horrores da ditadura do capital.
é a mesma força que te conduz que gera a esperança que o mundo um dia sobreviverá as chamas e alguma justiça será reposta. e todos os povos oprimidos e gente sem casa, e gente sem voz, ideias reprimidas, liberdade destruída, culturas aniquiladas e povos que desapareceram ao som da pólvora poderão ainda sonhar que a sua luta não foi em vão!
contigo lutaremos fora e dentro das prisões, sejam com ou sem grades, seja sem pão e será sem armas de fogo!


"People say they don't care about politics; they're not involved or don't want to get involved, but they are. Their involvement just masquerades as indifference or inattention. It is the silent acquiescence of the millions that supports the system. When you don't oppose a system, your silence becomes approval, for it does nothing to interrupt the system. People use all sorts of excuses for their indifference. They even appeal to God as a shorthand route for supporting the status quo. They talk about law and order. But look at the system, look at the present social "order" of society. Do you see God? Do you see law and order? There is nothing but disorder, and instead of law there is only the illusion of security. It is an illusion because it is built on a long history of injustices: racism, criminality, and the enslavement and genocide of millions. Many people say it is insane to resist the system, but actually, it is insane not to." Mumia Abu-Jamal

quarta-feira, setembro 13, 2006

solidão

a multidão parece sonegar uma solidão premeditada; e as ruas, cobertas de personagens sem sorrisos nas faces; nos centros comerciais, pessoas apressadas e sedentas de objectos afligem-se com os preços. naquele momento podem escamotear a sua letargia mental. as cores, vivas e inebriantes tornam os olhos perplexos, abertos com medo que de falhar alguma montra, alguma promoção.
a solidão corrói, a solidão dói. a grande mesa, envolta de cadeiras, do banco mundial, acumula notas, tudo sem o mínimo pesar na consciência, notas que transpiram a solidão, a morte prematura, o desapaixonar, o sofrer. enquanto isso, as doenças mentais, os antidepressivos, os suicídios, a violência desmedida são sintomas desta grande dissociação entre os indivíduos. entre a visita à montra e novela de fim de noite algo se perdeu, algo morreu... a noite chega sem sonho, escravos do tempo viramos quase videntes porque todos os dias passam igual!

terça-feira, setembro 12, 2006

massa crítica agosto



A Massa Crítica de Agosto foi vitima das férias, só teve 10 participantes. No entanto pessoas novas apareceram com muita vontade de pedalar!
É mesmo lindo ver pessoas de diferentes ideologias, podem ser anarquistas, situacionistas, ou meros iletrados na política juntarem-se nesta celebração, em comum, têm uma vontade de mudar estas cidades controladas por uma politica tecnocrata e tornar os nossos espaços urbanos mais humanos.
É a diversidade de gentes e pluralidade de ideas que se toleram que torna este movimento um verdadeiro arco-iris!
Preparem-se na próxima teremos novidades, apareçam 29 de Setembro às 18.30 na praça dos Leões!

mais imagens em
fotos

segunda-feira, setembro 11, 2006

up there in my tree

Tirada no Fanal - Madeira 2004

saudade, de por vezes cheirar a pele no inicio da tarde quando chegavas com um sorriso na face. falta da não vergonha de sentir, falta da admiração, da luta por estar do teu lado!
é o amor bradou uma voz pateta e sonhadora, sem consciência que o amor não passa muitas vezes de uma ilusão cosmética da mente! um refúgio do ódio acumulado, uma emotividade desmedida sem pés nem cabeça, um mero objecto que possuímos e sentimos falta se o perdemos...
e gostava de sentir o que sou e o que fui e gostava de acreditar que não te amava, gostava tanto de não te amar, porque o teu coração é feito de cinza e a tua mente de máscaras!
mas agora subo esta minha arvore tão confortável e vejo bem por detrás desse disfarce! não, eu não sei o que é amor, por favor, alguém me diga que não sei amar, porque o amor não existe! o amor é uma mera paixão egoísta, não passa de um sentimento inventado para podermos sentir o prazer das conversas, dos toques, dos sonhos! diz-me!! diz-lhes!! o amor é ilusão!!!!!!!!!!!

domingo, setembro 10, 2006

o menos adaptado

percorrendo o caminho, que tantas vezes passo, deparei-me com um vagabundo, a cabeça encostada à vitrina duma montra toda catita da vodafone, sem pernas, provavelmente perdeu-as na guerra a que foi obrigado a matar, e que tantas vezes deve ter desejado ter sido morto. desta vez não escondi o meu olhar, teria de ver bem aquela imagem que tanto descreve o mundo tão justo que vivemos.
aquela figura bem contradiz aqueles que tanto bradam viver em liberdade e democracia. não passam de palavras, que viajam pelos ouvidos mas escondem o verdadeiro horror.
como justificam esta ausência de compaixão, de igualdade, de fraternidade?! vemos cenas parecidas todos os dias, em todos pontos de grandes cidades, metrópoles, supostos ícones do desenvolvimento!
o que pensará darwin que há mais de um século deve estar a dar voltas na campa, a sua teoria do mais adaptado é apenas um eufemismo do que se vive nos nossos tempos, quereria ele que a sua teoria fosse tão idealmente aplicada ao modelo social?! e não é preciso ir a áfrica ou ásia para observar os contornos da lei do mais forte e os seus efeitos globalizados... é realmente perturbante, desumano, um verdadeiro pesadelo!!!

quinta-feira, setembro 07, 2006

sem titulo

em bicos de pés, com uma luz enegrecida pelo fim da tarde, caminhei pela cidade vazia quase fantasma, mas cheia de romantismo e de histórias para contar! uma arvore era quase levada pelo vento e as suas folhas criavam remoinhos dançantes... abraçado a um poste de electricidade encontrei um cartaz, dizia vida de trás para a frente. segui caminho, não podia perder mais um momento desta viagem. ao caminhar pareceu-me ouvir um som de um piano baixinho que misturava o agudo com o grave, era um som demasiado alegre para o poder descrever, sei que o meu coração quase parou, os semáforos das ruas deixaram de funcionar e as luzes das casas desligaram-se. só se ouvia o barulho da brisa desse fim de tarde... a luz escurecia ainda mais e já nem se conseguia ler as palavras revolucionárias pinchadas nos prédios... mas o piano? esse continuava a tocar, a tocar! senti uma enorme vontade de tudo abarcar, de tudo abraçar, senti o cheiro da lua, senti o coração do céu e a pureza da natureza. eu soube naquele momento, tudo seria diferente, eu sabia que agora nenhum sonho era para esquecer. foi como um luz, não sei explicar, sei que parecia ouvir a voz das arvores, das nuvens cheias de histórias e as paredes cheias de memórias!! quando voltei a casa o meu corpo parecia ter perdido kilos de peso e as minhas mãos já não se fechavam com uma força de raiva... estava leve e transparente, quase que como livre de todos os pecados!

o reflexo passado do meu copo vazio com agua

não me chames ao teu colo! a sala era de tecto baixo, quase tive de me agachar, as luzes ofuscas, as paredes pretas com fotos desfocadas penduradas solitárias... nessa altura ela bebia um copo de vinho, tinha uma saia preta remendada no traseiro e um cabelo que descia pelas costas! embriagada era mais livre que hoje sóbria, hoje tem o rosto branco os olhos caídos, os lábios secos e o cabelo viaja aos bocadinhos pelo mundo, transportando os pequenos traços de personalidade que ela deixou para trás no irremediável medo de ser e com uma inesgotável vontade de ter tudo e mais alguma coisa para que não se sinta nessa ausência de condição humana. hoje nem vejo o seu rosto, nem cheiro a sua pele, mas sei com toda a certeza que a morte apanha-se no olhar... o corpo deixou de nadar, porque penetrar o mar como os peixes é sinal de leveza e transparência, o corpo deixou de saltar porque isso relembraria o voar!
acumula pessoas e objectos como quem apanha frutos para satisfazer a fome, usa, parte, trinca, bate, esquece, adormece, perde, ganha e acumula, acumula, acumula gentes e gentes sem identidades muito menos humanidade.

a relação de amor-ódio com o eu

e porque o deixaste? porque partiste se o seu coração hás-de sempre amar? porque desististe se nunca amarás ninguém naquela intensidade e calor?
porque não tinha coração para tanta honestidade. porque ele via o mundo com a maior das purezas porque a sua alma era limpa, porque ele era inocente e transparente como a agua de um rio na nascente.
porque eu não mereço a vida, nem a morte, mereço viver neste buraco enfastiado, longe da mudança, repleta de futilidade e de pessoas sem magia! porque o amor é só para aqueles que conhecem o perdão!

então como te amou ele?
ele ouviu o meu coração que há muito deixei, ele sabe da pureza que matei e sonhador como é, luta sempre pelo possível e impossível então acredita no seu renascimento com uma fé quase religiosa!
eu odeio-o!! odeio a sua beleza! odeio o facto de olhar o coração e não o corpo, odeio porque ele é capaz de amar sem possuir, odeio-o porque ele é tudo o que sou e deixei de ser. odeio-o porque sem ele não vivo, não respiro, não penso!

como se chamava ele verdadeiramente?
ele... um dia passeava à beira mar durante um sonho e por entre a neblina de fim de tarde deparei-me uma criança de olhos lindos, de cabelos compridos e roupas às cores... essa criança era eu!!

segunda-feira, setembro 04, 2006

enxergar a escuridão

ouço o cego no fundo do muro, o cego no cimo da ponte, o cego no prédio, o cego na carruagem, o cego de boleia sem ver para onde? e nestes momentos de história em que a revolução espreita com mais força desde o méxico a argentina até ao coração das nossas vidas, precisamos de estar activos, não passivos e distraídos!
e o cego faz a cova na sua gaiola, o cego continua escravo do presente, o cego esquece que o sol e a lua se podem encontrar, o cego desconhece a origem da alma, do espírito da rebeldia, do inconformismo da condição, da desobediência civil, da paixão pelos elementos da vida!
e o mudo canta a música da liberdade e da paixão pela natureza e agora podemos seguir em frente com os sonhos porque o mudo muda o cego, e o cego vê o mundo! o cego que dorme estará para acordar, o mudo que canta estará livre para falar!
e o cego enxerga o dia e o mudo a escuridão! e em frente, esquecemos todas as bíblias, governos ou exércitos!


Protesto zapatista no Chiapas - México

domingo, setembro 03, 2006

miscelânea cultural

e o que é esta paranóia do racismo e xenofobia? e o assunto é batido, mas o que raio interessa a cor, a nacionalidade, a raça? amarelo, azul, verde, vermelho só interessam para aflorar a diversidade. e tu aí na luta contra árabes, negros, chineses e índios queres o mundo pintado só de um cor? com uma só identidade, uma só roupa, todos a marchar iguais obedientes feitos soldados de um exercito?
e nós somos a misturas de identidades, somos um pouco da apatia portuguesa, da beleza cabo-verdiana, da descontração sul- americana... para que tas para aí com essa baboseira racista? e o mundo só será enriquecido com a pluralidade e a aceitação de todas as diferenças, sejam culturais ou fisionómicas! nem todos vivem por casas iguais, roupas iguais, cores iguais, tradições iguais? e podes querer acabar com a diferença mas outros estão à luta pela tolerância e a única diversidade que não se aceita é aquela que não tolera a pluralidade e o arco-íris de raças, culturas e identidades!