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não há erros gramaticais ou morais, há maneiras de pensar. eu escrevo a dançar pateticamente uma musica sem som!

sábado, março 25, 2006

sem

e posso continuar com linhas e mais linhas de poemas, milhões de pensamentos, ideias, lugares, sonhos, paisagens... é tudo um pode ser e a vida parece escapar-se por entre os dedos... nunca pedi para seres igual a mim, mas também nunca serei igual a ti, e tu podes torturar a tua inteligência o quanto queiras que seja qual for o meu caminho não será na auto-estrada da futilidade. sinto-me abençoado por ter feito um pacto com o medo e nem que a morte me apareça no ângulo de visão me ajoelharei perante o capital, a escola, o estado, a bíblia o satanás ou o que raio desejares.
e decidi viver na sombra imprevisível desta vida, sem que o tempo me toque e sem que as mascaras de plástico me fascinem.
e até posso e quase sempre sigo em frente sem ajuda, sem perfume, sem roupa, sem sapatos, sem companhia, sem mascara, sem tatuagem e sem ouro nos bolsos...

e seguem todos sincronizados com o vento



caída por terra, já nem verde se vislumbra nessa tua textura agora amarela e queimada por um sol intenso. agora o vento de outono controla os teus passos varre-te a ti e a todos para caminhos idênticos.
soldadinhos de chumbo sentem mais que tu e todos esses papagaios da estupidez e vazio colectivo. amiguinhos da obediência, da submissão e masoquismo mascarado e mais que mascado.
já nenhum de vós se apercebe do caminho ridículo que seguem, cegos, completamente mudos e já sem qualquer sinal de vida própria... compram roupas que vêm nas séries de televisão porque assim podem sorrir para câmaras de televisão da sociedade.
os primeiros tempos nesta nova vida podem ainda soltar alguns choros pela noite, pequenos ataques de loucura, ligeiras depressões, dores de cabeça, doenças sem sentido... mas depois já nada sentimos e agora estamos tão bem vestidos e temos a profissão que sonharão para nós, mas tão obedientes e egoístas nos tornamos ainda pensamos que as nossas decisões partem da nossa própria razão.
interessante também observar é que a razão decide fugir junto com a emoção, porque nada os pode afastar da rota do vazio.

parece quase inevitável esta viragem da vida... e que a única fuga para além da saudável loucura é uma boa dose de irreverência e rebeldia, por vezes pouco diz, mas neste mundo verdadeiramente invertido pode mesmo tornar-se mesmo que falsa na mais pura verdade.

domingo, março 05, 2006

celas



com o corpo na vertical e a mente ainda na casa dos sonhos, movimento-me em direcção às salas de aulas.
sempre na repetição, na tentativa de moldar o meu sono... ainda me lembro em tempos de criança do terror das campainhas e o terrível medo de chegar atrasado e faltar a mais aula de obediência colectiva. faltas, horários, testes, repreensões, trabalhos... marchamos em direcção às mesas e cadeiras tão ordenadas com o quadro escuro e limpo... as janelas quadradas assim como o tampo das mesas e a matéria leccionada. o elogio à estupidez e assim chamamos de aprendizagem... não algo que parte de nossa curiosidade mas sim necessidade para assim sermos aceites pelos ilustres membros da sociedade.
assim em vez de aprender somos calcados tatuados na obediência e tornamo-nos nestas peças minúsculas de uma máquina gigante, resignados ao objectivo ridiculamente traçado sem a maior das contestações a não ser de um bando de malucos, muitos estão em hospitais de sãos outros como criminosos estão em prisões sem grades.
em toda a dor de ver tanta beleza calcada, tanta inteligência desperdiçada resta-nos a esperança de um dia sairmos destas celas escuras rumo a um mundo mais tolerante.