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não há erros gramaticais ou morais, há maneiras de pensar. eu escrevo a dançar pateticamente uma musica sem som!

quarta-feira, maio 31, 2006

imagina!

e sentei-me no sublime da ordenação, as mesas estreitas, escuras, cobertas de linhas e linhas... e todos se sentavam em movimento quase autómato... e levanto os olhos e vejo só as costas todas voltadas cobertas de rigidez e roupas engomadas de cores pouco originais.
concentro-me num simples papel e caneta que passeia levemente sem tocar no papel, queria não responder a ninguém naquele momento, gostaria de fugir para bem longe daquele sítio escuro e vulgar. e imaginei todas as cores de primavera que o meu corpo pede para ver, as flores beijando o vento, as folhas a brincarem com o som dos pássaros e o céu a percorrer metade do meu campo de visão sem qualquer nuvem a esconder o sol. as formigas subiriam o meu corpo e encontrariam sítio para descansar da sua viagem desgastante...
de volta à sala de obediência colectiva sinto agora as mãos a transpirarem todo o calor e desejo de viver longe desta morte cerebral. aquele breve momento de insanidade imaginativa inspirou-me mais uma vez para uma revolução mental. na verdade sou tão feliz mesmo com todas as contrariedades deste mundo tão racionalizado e artificializado, em mim encontro sempre uma estrada para fora de todas as ordens e violência para com os sentimentos mais reais. e na minha mente peguei naquele papel deitado e fui rasgando tudo aos quadradinhos mágicos até que no fim uma montanha criei, depois tirei o tubo de tinta da esferográfica e com alguns toques inspirados desenhei uma curva que contornava o lado norte da montanha como se de um rio se tratasse, depois foi a ponta da esferográfica, aquele cone dourado depressa se transformou numa bela arvore verde à beira rio... restava só aquela carcaça feia, essa servirá para brincar, e pega-se num dos papelinhos da montanha e molda-se em forma de bolinha e insere-se por um dos orifício da carcaça... agora esta transforma-se na arma mais inofensiva e divertida das crianças! e o mundo será de quem melhor o imaginar!

segunda-feira, maio 29, 2006

exibes hoje as poses de anúncio

e que brilho moribundo tem essa tua pele toda a descascar a perder o seu ritmo e suor na penumbra da solidão. sinto como se o teu corpo estivesse nu, vendido, derretido e eu que tanto te conheço e que tanto estive contigo dias e dias a fio deitado nos mesmos lençois vejo-te a escorregar numa espiral descendente, a palavra certa é degradação humana, ausencia de calor, de personalidade, de encanto, de mistério, de sedução... passaste a ser uma mera figura mercantil que pode ser trocada, vendida, leiloada, descartada, abusada, explorada... no dia que marchaste em obediência à moda publicitária deixaste de ser mulher, deixaste de ser homem, deixaste de ser de carne e osso, és um mero produto de uma industria de objectos e passas por maquinas que ajeitam o cabelo, formam um sorriso, despem-te a roupa e ficas a nua nesse teu nu já sem sonho.

segunda-feira, maio 22, 2006

sem título

não serás o sol que me espreita pelo quarto todas as manhas
nao serás o oceano que me liberta do calor!
não serás a música que faz dançar os meus ouvidos...
não serás o amor que me levanta do chão sem me tocar!

quarta-feira, maio 17, 2006

confronto

criaturas da noite de pulsos arregaçados gravatas desfiguradas e passos escuros e fraudulentos... espreitas o musgo das paredes e o sono eterno, nadarás no ouro corrupto dos mais ricos e requintados. ostentas o ódio como espada pintas sem cor um mundo de fortes e fracos. no outro dia, enquanto vagueava à beira rio no porto, cidade mórbida e sonolenta, deparei-me com o teu vago físico esguichado coberto de sombras conspiradoras... alimentas-te do sono conformista deste povo desajustado já sem cultura e origens sem luta e abastado de pequenez de espírito.
como sempre baixei ligeiramente o queixo, valerá o confronto? de punho cerrado, cabelo a dançar ao vento, pele queimada mas renovada cheirei o meu ódio por ti, jamais venderei meus pensamentos e sonhos à tua rudeza e face de prostituta mental.
aos poucos rasgo o negro do preto do teu casaco recto cortado às franjas sem o mínimo de arte... aos poucos por detrás dos recotes aleatórios e agressivos surge o metal do teu corpo de boneco articulado esbanjado de ouro nojento e sujo... agora descoberto, amedrontado o teu corpo liquidifica-se em vergonha e desapareces da vista dos meus olhos!

desapego

de olhos esbugalhados traídos por uma sede quase de morrer perguntei-me, o que foi feito da liberdade? então, senti o meu pulso direito, fino de veias salientes com pequenos pelos que parecem ter sido puxados pelo vento, ainda ouço a sua pulsação bem forte mesmo neste lado mais longe do coração... a voar à volta da tua erupção sinto de novo o desejo de viver e concordas que deva tão cedo entregar o meu corpo a quem me levanta das cinzas?
mas porque me perco tanto em pensamento e dentro de toda esta racionalidade ridícula?
agora embrenhei-me no jogo dentro do jogo e nem as memórias assombram a liberdade, o cheiro da pólvora seca e o sabor do morango deixado à frente dos meus olhos seduz-me para este caminho de amor liberto de amarras e compromissos sonhadores! viverei cada momento sem marcas de passado e futuro... a simbiose profunda entre alegria e prazer, entre respeito e liberdade, entre admiração e desapego!

domingo, maio 14, 2006

a historia do homem

sinto insegurança desfigurada dentro duma solidão fragmentada espero o teu toque, ligeiro, seguro, carinhoso e saudoso... porque insisto em sonhar um passado passado? deixaste-me um pouco sem esperança e um pouco sem amor... penduraste o teu cheiro na nossa antiga arvore e agora visito-a todos os dias a ver se foi podada... depois, descalço-me e corro em círculos e círculos à espera que os meus pés não voltem nunca a pousar o chão...
e lembro-me perfeitamente como voamos tão alto sem nunca tocar levemente o chão a olhar um mundo que deixamos para trás! e um dia deixaste de sorrir e um dia deixaste de sonhar e um dia deixaste de sentir esse teu espirito que tanto amor tinha, esqueceste as tuas origens, fugiste das tuas palavras, queimaste o teu coração e o teu toque gelava o interior de todas as nuvens! eras livre como a natureza te deixou e sentias o ar a atravessar e o arrepio na pele... pintavas todas as cores, atravessavas o arco-iris da vida... um dia soubeste mesmo amar, lembras-te desses dias? de como visitava-mos e cuidava-mos dos nossos jardins? só queria voltar a ver-te um dia como anjo?

voar por terra

oh pássaro mais lindo! sigo as tuas asas no céu azul, sigo o teu movimento irrepetível e imprevisível...
voa voa e deixa-me voar contigo para a terra dos índios! eu quero sentir o cheiro da àgua, o sabor do sol, o fresco das montanhas e com o som das plantas e o ritmo das rochas visitarei o meu sonho de viver nu... contigo sinto esta loucura tão saudável de viver sem medo de ser, amo-te gaia por seres tão perfeita e não julgadora!!

retrato

sua maquete desidratada, boneca de cinema em pose de anúncio de champô
ardes e ardes cá dentro e cada vez que sinto no sonho a tua pele a vontade é de vomitar... eu não quero ser homem nesta luta por não gostar de ti... olha o que te tornaste? olha como és apenas um retrato com um sorriso sem sorriso?
e como foste capaz de gostar de mim? eu que vivo pela liberdade e tu pela prisão? eu que luto pelo espírito e tu que lutas pela posse?
e tão bem que fica o preto e branco dessa face aliviada por ser nada... a falta de cor nesse teu físico assassinado... e que tão perfeito se mostra esse sorriso desfragmentado que delicia os amantes da babilónia!
preferia mais que não tivesses morrido e tivesses sido morta a viver. assim morreste dentro da morte e não sinto nenhuma memória de ti a não ser um retrato que pintei na era da inocência do instinto.

quinta-feira, maio 11, 2006

propriedade vale mais que o ser humano

há uns meses estava a tentar explicar a 2 pessoas que podia-se viajar sem quase dinheiro nenhum... então falei da biketour que tinha feito e que nós dormíamos por vezes debaixo de toldos de escolas que estavam fechadas nas férias de verão... e claro íamos de bicicleta e conseguíamos visitar o alentejo e algarve sem necessitar de gastar dinheiro em qualquer transporte.
mas fiquei surpreendido quando reparei que as pessoas achavam um crime dormir nessas escolas porque eram propriedade privada! neste caso não interessava bem se eram publicas ou não porque elas não foram feitas para se dormir... mas o que me surpreendeu é esta subserviência a certas normas, mais do que isso o valor que tem a propriedade para estas pessoas, acho mesmo que consegue ser mais valioso que a vida humana...
para elas era crime dormir em escolas que estavam fechadas, mais tarde descobri que para elas, ou pelo menos para uma delas, não tinha mal nenhum comer no mcdonalds ou comprar uma sapatilhas nike por exemplo...
elas eram intolerantes a se dormir numa escola, mas eu era radical por me opor a empresas como a mcdonalds ou a nike e deveria ser mais tolerante porque isso já era a liberdade do cliente mesmo sabendo que a mcdonalds é das maiores responsáveis pela desbastação da floresta da amazónia e da apropriação de terrenos em que vivem tribos indígenas para plantação de soja tansgénica para o alimento do gado... mas claro nem as tribos têm papel de registo de propriedade, nem a amazónia tem um registo a dizer que é importante e que não pode ser comprada nem devastada.
e a nike também não tem culpa que na indonésia raparigas de 15 anos com montanhas de filhos trabalhem 16 horas por dia a fazer sapatilhas com tempo só para dormir e comer e mesmo assim não tem dinheiro para pagar a alimentação da sua família.
e nós quando damos dinheiro à nike e à mcdonalds também não temos culpa nenhuma de tarmos a dar dinheiro a quem explora crianças ou destrói uma das fontes de ar do nosso planeta!
o importante realmente é não dormir em escolas fechadas porque isso sim é o verdadeiro crime e aí não podemos ser tolerantes!

terça-feira, maio 09, 2006

o cortejo dos palhaços!

ouço-lhe os gritos, a demência, as hormonas saltitantes e descontroladas, a cultura da estupidez e o vandalismo animalesco.
e chega a queima das fitas, com ele, o cortejo da palhaçada estudantil! afinal têm de todos de sentir o orgulho de estudar e não pensar. alguém já tentou adivinhar o que passa pelas cabeças vazias de conhecimento e cheias de orgulho estúpido? será que sairiam à rua por alguma causa?
e os seus vazios corações que enchem-se de ar quando alguém grita olha o sr. doutor, ou sr. engenheiro! endireitam a cartola, afinal faz algum sentido tarem a estudar... não foi para nada perderem 5 anos a aprender como decorar e não criticar, agora têm um estatuto social. pena que nem se apercebem que isso não valerá de nada com a massificação do ensino. mas por agora podem-se sentir os maiores porque pertencem a uma elite fictícia.
mas melhor que tudo é a cultura desta gente que se acha tão educada, parecem um cassete antiga de um discurso do salazar tão conservadores que são e a maioria a única coisa que sabe bem é quem são os actores de uma nova novela da tvi.
ainda me lembro há uns anos que estava na baixa e passei pelo cortejo, estavam os de 1 ano de joelhos à chuva, de vez em algumas levantavam-se com a dor nos joelhos que se podiam ver bem vermelhos! mas na obediência sentem-se bem, alias não é isso que fazem nas aulas?
no sábado vim de um concerto de musica celta, eram 2 ou 3 da manha, vinha todo contente a passear a pé em direcção a casa quando de repente olho em frente e estão os regadores de relva todos apontados para a estrada e a regar o asfalto, isto repetia-se por onde houvesse jardins! não era difícil adivinhar que o facto de ser o primeiro dia de queima tinha alguma coisa a ver com isto! aliás actos de vandalismo sem sentido e violência é do que mais se vê nesta altura. e o numero de pessoas que conduz bêbado? os sinais de transito destruídos, as raparigas violadas?
e viva à cultura estudantil!

segunda-feira, maio 08, 2006

terramada


foto tirada por mara

e suspirei de alívio com o cheiro da terra, do lago, do verde primaveril do sol a queimar e do ar liberto. senti bem de perto um futuro naquela terra, a vida em reconstrução com novos sorrisos, abraços e um novo amor está a nascer.
não há nada mais simples que viver na simplicidade e harmonia com os seres onde as dificuldades de viver se tornam uma fonte de vida e as alegrias um repousar infinito sem tempo.
cheirei e quase chorei bem de perto todos os momentos, três dias foram anos de vida.
numa breve visão, senti o que seria viver sem medo de ficar sem ar, senti o que seria viver com pessoas que não pintam a cara para se esconder. e parti naquele momento sem medo de amar e sem medo de sofrer... e o brilho de vida volta aos meus olhos como um clarão visionário e agora jamais desistirei de sonhar!

quinta-feira, maio 04, 2006

eclipse

um dia a tua lua iluminou... era magia mas não passava de um mero truque, pior que a mentira é criar uma tão verdadeira ilusão!
dizias eu sou a lua e tu, tu és o sol! pena ter chegado o eclipse e tu desapareceste... afinal não passava tudo de um embuste, uma distracção, uma ficção sobre qual te enterteste e usaste e por fim quando a verdade saiu em bicos de pés escapaste! não sei se existes agora, ou se algum dia exististe, desapareceste e agora és dada pela vida como morta... como se de um acidente trágico se tratasse, queres que sofra a tua morte!?
no infinito visitaríamos o amor... a infantilidade de acreditar numa imagem de simplicidade onde se escondia o desejo por poder... serão máquinas de todos os estilos para enfeitarem a tua casa um dia, perfumes e produtos de cosmética fashion, pessoas não pessoa, dementes, sofredoras, mortos-vivos, transplantes mal feitos...
foi suicídio? ou serias já o nada? agora que nada és consegues admitir o nada que foste?
com uma flauta enfeitaste o ambiente, com os teus cabelos seduziste e com os teus olhos atacaste... e o som ainda desce pelos contornos do coração, mesmo que só pequenas notas, mesmo que tudo não passe de encenação o som rodopia e dança à volta de todas as curvas e linhas deste corpo.

quarta-feira, maio 03, 2006

onde os anjos outrora viveram

o tempo vislumbra o segredo bem guardado
adoeço por pensar no que te tornaste minha nuvem cinzenta
o amor é hoje um possível cemitério de memórias
em mim a tristeza e a alegria combatem por um espaço na mente

serás amante de um médico bem sucedido e sem escrúpulos?
ou de um empresário cheio de maquinas com rodas?
serás tu feita de inferno? serás tu feita de demónios?
e achas que alguma vez voltarão os anjos que bateram as asas?
voltarás a viver dentro do teu velho sorriso?
ou encontraste o caminho do caixão?
pintas a cara a tentar esconder o que foste, pintas os olhos para esconder toda beleza que eras, cortas o cabelo para que desapareçam as memórias encantadas e que nunca mais viverás!

agora vives no não amor do consumo efervescente e do prazer pornográfico da mente. tenho medo de te ter tocado um dia, tenho medo de ter beijado os teus lábios mortos e sentido a tua pele queimada pelo ódio!