.comment-link {margin-left:.6em;}

não há erros gramaticais ou morais, há maneiras de pensar. eu escrevo a dançar pateticamente uma musica sem som!

quarta-feira, junho 28, 2006

de jardim a floresta

e lembro todas as sementes que lançamos no nosso jardim. inventamos planos de revolução e sonhamos com a transformação... tinhamos tantas estórias para criar e o vento levava as ideias como notas de música pelo tempo... agora existe eu e existes tu separados pela distancia do mundo e pelo quente do atlântico que banhou as nossas rebeliões!
e tudo o que seguia a ordem era insignificante, ridicularizado pelo nossa desordem de pensamento, e o nosso caos de amor pela vida e fuga da autoridade! e mesmo com as nossas roupas rotas e cabelos despenteados, e mesmo com os olhares de medo de quem não percebia o sabor do mar, ou mesmo do verde que brotava daquela ilha flutuante, continuamos a inventar novas teorias da origem da vida e da patética (des)ordem criada pelo mundo... nos olhos o brilho de sonhar um amanhã, na mente um profundo ódio pelo ódio e a guerra por uma gota de ouro para encher o deposito das carcaças de rodas.
e criamos sub-mundos de mundos dentro de peripécias filosóficas e jardins coloridos de mistério e sedução permanente... a real luta pela liberdade do corpo e da mente, sem olhar o futuro como uma linha pendurada sobre esta caixa de ideias impostas e vazias.
hoje separados pela imensidão de uma mar outrora não explorado penso em novos caminhos desordenados com esta ideia que todos esses jardins serão portas para enormes florestas de liberdade e desbunda permanente!


Pintura a óleo de John Philip

domingo, junho 25, 2006

ultima chamada

onde viajo não precisa de nome; a musica é tocada do corpo para o espiríto, as palavras ecoam pelos vales até ao fundo dos rios, e adoro cheirar a chuva e passar a minha mão pelo vento, sentir o cabelo pesado, as gotas a passearem pela face cheias de brilho de luz.
onde viajo posso dançar na chuva sem medo do escuro, nesse sítio homens e mulheres esboçam sorrisos e os brilhos nos olhos são sementes cheias mundos por crescer...
nesse canto de paraíso não falo qualquer língua, não falo por verbos, nomes e adjectivos compactados em regras ou recheadas de ginásticas literárias, muito menos serão necessárias metáforas engenhosas para desenhar a liberdade!
gostava que viesses um dia passear comigo de coração aberto e cabelo solto... gostava que um dia não pintasses a cara pela manhã e seguisses só mais uma vez comigo neste caminho descomplexado pela simplicidade de viver em comunicação sinérgica com todos os elementos que nos rodeiam...
comigo verias novamente como a flor esboça sorrisos, as folhas de outono dançam mesmo com o vento, e a chuva toca bem la dentro na nossa rebeldia! e sei que escolheste a tua vida no teu quintal da tua forma, com os teus objectos e tuas racionalidades... no entanto não quererás ter a certeza tal como eu quero, que talvez, só talvez, encontrarás a felicidade no verdadeiro beijo?

ninguém

cheiro a pólvora do banco mundial
as mortes já são meras estatísticas inevitáveis
os cadáveres transformam-se em grandes notas bem verdinhas ou num colar de ouro para te apresentares na próxima festa.
a luta continua, e não sou escravo de uns papeis quadrados! não quero me vender ao teu luxo arrogante!
e podem muitos dormir, ou não sentir o coração a bater no peito, podem estar dormentes, mortos... podem nem mais distinguir as emoções das ordens... a luta por ser não morre e podes drogar-me com todo esse requinte e fama! com os teus 20 carros e empregadas que tratas como meros objectos... podes nadar na tua grande piscina todas as manhas que, para mim, essa agua é verdadeiramente sangue, e as colunas que seguram a tua casa são feitas de restos mortais, de corações esmagados, processados pela grande máquina de guardar dinheiro.
é isso que chamas evolução? essa arma que apontas ao coração? essa seringa que apontas à consciência?
esses óculos escuros não existem senão porque tens medo que alguém repare essa falta de brilho nos olhos, que alguém seja um pouco mais inteligente e descubra que por detrás desses objectos brilhantes, essas roupas engomadas, não existe nada, não existe ninguém!
sede do banco mundial

quarta-feira, junho 21, 2006

sem lua

e vinha o laranja pela manha, e eu espreitava o céu à espera de um sinal de esperança. à minha frente, dormia serenamente uma arvore que deitava a sua sombra sobre o meu corpo enquanto as suas folhas verdes escuras libertavam uma fragrância, suavemente exótica, quase inebriante, quando em simultâneo com a brisa fresca que senti nesta matina.
viajar agora é perigoso tendo em conta o sol que liberta o meu corpo e a liberdade que respiram os meus pulmões, depois de ter percebido que era mesmo o fim do nosso caminho, deixei a mente em banho maria à espera de sentir o verdadeiro e autentico amor... seria necessário para isso ganhar esta nova auto-estima que corre hoje pelas veias, este descanso solitário em que os corpos deixam de passar por mim como o vento pelas papoilas.
agora podem questionar... como vives sem a lua? como vives na escuridão da noite sem o azul do seu coração que ilumina os caminhos e as peripécias da vida? como deixaste para trás o seu cheiro enigmático e sedutor que se reflecte nas pequenas montanhas do mar? chegas à noite sem que a sua forma redonda e suave te visite o olhar?
e eu respondo que não sei como vivo, sei que não quero uma lua de papel e deixei de me contentar com aquela lua ilusória cheia de brilho na superfície e de interior vazio e solitário de vida. sei que não quero uma lua de cosmética nem para enfeite natalício! na verdade a lua vive dentro de mim da mesma forma que o sol me aquece num outono frio, espero pela lua que compreenda o meu sol, como a onda do mar que dança junto ao corpo da areia de uma praia.



tirada de http://machgogo.air-nifty.com/

terça-feira, junho 20, 2006

até voar

profundo e sensível, colorido por um azul imenso graças ao céu descoberto que reflecte a sua pele nas infinitas ondas... olhei para ti deitada sobre o amor do mar de corpo totalmente descoberto e enrolado na agua!
e se o teu reflexo é só um mera miragem? será o rosa da tua pele branca apenas mais um sonho imaturo? e esses teus seios que espreitam por cima das ondas, redondos e inocentes, serão parte deste amor idealizado descorado de racionalidade e algoritmia lógica?
agora pouco importa, de sonho bem junto ao coração, já não toco o chão apático e sigo rumo a esta utopia de viver sem medo de cair!

segunda-feira, junho 19, 2006

e sou o vento

e caminhei nu por entre as silvas e azinheiras que coçavam o corpo, a verdade viaja pela dor duma realidade ofusca e enquanto segui em frente as espinhas cortavam-me aos poucos algumas camadas de pele, mas após a dor chegaria o prazer do júbilo da vida.
no dia seguinte, ao acordar, sonhei que tinha sonhado com descrever o sabor do vento a subir por uma colina imaginária. será melhor não dizer tudo, as palavras sinceras magoam quem não sente!
decidi abrir a porta à arte vivida, então busco agora um amor sem fronteiras e limites escravizados... sentirei o sol pela manha ainda sonolento que espreguiça o canto dos pássaros! mas foi numa tarde escura que os teus olhos brilharam e senti de novo aquele aperto infantil e força de seguir em frente com todos os sonhos deixados em repouso já asfixiante.
serão essas curvas sobre um azul tão belo como um mar infinito que descansa sobre a tua pele ainda bem alegre que transpira a timidez da inocência liberta de amarras.
gostaria de te dizer que sou tal como tu, que sigo a vida da mesma forma que o vento viaja pelo mundo! ninguém me tira desta louca festa pela paz, pelo amor e pelo coração!!

domingo, junho 18, 2006

abrir

joão vivia sob um tecto escuro onde as janelas se encontravam sempre fechadas, pelas paredes joão apenas espiava por pequenas brechas que o tempo lhe oferecia e assim avistava o mar e o cantar das arvores pela manha.
um dia João pegou nas suas antigas tintas e decidiu desenhar uma circunferência nas paredes verdes escuras; e desenhou varias circunferências dentro dessa diminuindo sempre o seu raio. depois pintou os vários anéis de diferentes cores e formou-se uma espécie de arco-íris em circulo.
os dias passavam e joão decidiu replicar os circulos e re-inventar as cores assim como a forma dos circulos que já eram elipses, circulos em forma de onda, cones em perspectiva, etc.

na ausência de gentes, joão atreveu-se a abrir todas as janelas da sua casa, lentamente o sol levantava o pó escondido pela pobreza do escuro!
aquela casa outrora fechada sobre um desespero angustiante era um agora um ninho de ideias e todos vinham para pintar paredes e sentir o sol de primavera... havia infinitas paredes para pintar, mesmo assim havia quem se atrevia a sair descalço pela janela e sentir a terra na sola dos seus pés assim como sentir a agua do mar a dançar pelo corpo!

sexta-feira, junho 16, 2006

drogados e luzes

e que bando de tecnodependentes invadidos pela ânsia dos pseudo-lazeres... para quando paras de tomar pílula que deixa-te dormente, a pílula que deixa mudo, a pílula que te deixa burro? de braços descaídos, joelhos semi flectidos, cabeça solta no meio desse teu corpo inerte caminhas como um bêbado na madrugada orgulhoso de teres tanta roupa engomada dentro da tua caixa de roupa...
luzes, luzes, luzes, endiabradas, sedutoras a esconder a noite da pobreza... e fuma mais um para fugir, e bebe mais um copo para esquecer enquanto te deixas ludibriar pelo som esfumado da electricidade e escondes a tua pele da mão pesada enquanto a passeias pela mesa fórmica da tua casa asfixiante, perturbante, quadrada... e depois enfia esses teus dedos pela tomada da tua televisão, assim levantas esse cabelo penteado, enfia lá com toda a força para sentires qual a verdadeira emoção da tua televisão!

segunda-feira, junho 12, 2006

é a valsa dos monstros

seguidinhos, surdos mas pouco mudos! quase levantam os pés do chão no seu rodopiar; de olhos fixos, corpo contraído e perdido mas brilhantemente coordenado seguem a dança sem saberem bem porquê.

só vês pirâmides de organização social?? tu o verdadeiro louco deixas o louco sem caminho por seguir, não te ensinaram que o rio não vive sempre da mesma agua? que ela transforma-se no seu caminho por entre os seus ciclos, desavenças, obstáculos e contrariedades?

imutável, teimoso, impenetrável! desafias a natureza com racionalidade sem emotividade, adoeces o planeta e mantens o pé bem dentro dessa tua verdade doente!!!! será assim tão belo esse teu conforto temporário, esse sorriso de mona lisa?

gritar silencioso silenciado!

hoje cinzentos são os teus quadrados
e quadrados são os teus olhos

vejo-te por entre vidreiros grossos, desfocada, difractada de luz ofusca e corpo esguio... adimensional, virtual, desmembrada e de sorriso transmutado em dever. sonho e sonho pelo retorno da tua rebeldia, do teu corpo curvo, deslinearizado, indígeno.
e sonho e sonho e só ouço passos do lado de fora desta porta virtual e desumanizada que acompanha o teu frio e maquinização. de orgânico a artificial, de curva a linha, de hexadecimal a binário, de colorido a cinzento, de brutalmente viva a brutalmente assassinada.

e este bocadinho de plástico branco, esta janela de janelas, que transporta a morte como se de vida se tratasse vejo o sangue a derramar a partir do cimo dessa cabeça tão lentamente. estou sem conseguir ouvir o teu gritar, agora já nem ouço o teu gritar silencioso, o teu gritar por socorro, o teu gritar por um lugar, o teu gritar por amor!

sexta-feira, junho 09, 2006

mais uma gota

está tão coberto o sangue da guerra! armas de fogo pulalam e indicam o caminho do medo... já nem sangue se vê no asfalto está todo coberto na neblina das notícias e de imagens publicitárias... agora a grande novidade é o novo champô que agora está em todas as montras! por momentos podemos esquecer a fome e os gritos de dor ao impacto da balas e bombas sem aviso prévio!
ordens cumprem-se sem dono, as vezes é só mesmo fome de guerra nem é os números de uma bolsa de valores nos sítios mais ricos do mundo! Sede de sangue e morte sem crime, a guerra vive-se longe das câmaras e dos corações...
venha mais um cadáver por mais uma gota de petróleo nada pode parar estas casas de barbie e carros de ken!!! o colapso está lá e só vê quem não se vende à ganância e ao superego!